Mais de três anos após a inauguração
das novas pistas da marginal Tietê, o "maior projeto de compensação
ambiental" do mundo, anunciado na época, não terminou. O resultado prático
disso é que a licença de operação da obra, que a autoriza a funcionar e, por
lei, deveria ser dada antes da inauguração, não existe. Significa também que
muitos impactos negativos gerados pela via continuam desequilibrando o
ambiente.Para advogados ambientalistas, a falta de licença constituiu uma
ilegalidade. A Nova Marginal, anunciada no final de 2008 pelo então governador
José Serra (PSDB), custou R$ 1,3 bilhão. A compensação pela derrubada de
árvores e impermeabilização de solo inclui, por exemplo, plantio ou doação de
mudas e construção de barreiras sonoras, entre outros. A Dersa, ligada ao
Estado, é a responsável por fazer todas as medidas compensatórias exigidas pelo
órgão licenciador, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Segundo
a prefeitura, a licença não saiu por vários motivos. Os principais: construção
de passarelas para pedestres e bicicletas e instalação de barreiras acústicas
em áreas com poluição sonora. Para a prefeitura, faltam ainda a doação 8.576
mudas e a conclusão da Estrada Parque, numa região próxima ao parque Ecológico
do Tietê. O entendimento da Dersa é diferente. Para a empresa, a licença já
deveria ter sido dada. À Folha a estatal diz que estudos
internos apontam que não há necessidade
de barreira acústica ao longo da marginal, porque a obra não aumentou o barulho
no arredores. Apesar de a prefeitura indicar como prioritária a travessia de
bikes e pedestres nas regiões das pontes da Freguesia do Ó, Santos Dumont e
Casa Verde e perto do parque Villa-Lobos, a Dersa tem outra posição. Em nota,
diz que "estudos concluíram que há baixa atratividade para trânsito
cicloviário no entorno da marginal". O secretário municipal de Meio
Ambiente, Ricardo Teixeira, que já trabalhou na Dersa, minimiza o fato de a
Nova Marginal funcionar sem licença há mais de três anos. "Estamos
conversando sempre para que tudo seja resolvido", diz, sem dar prazo para
a emissão do documento.
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO - Editoria de Arte/Folhapress
DE SÃO PAULO - Editoria de Arte/Folhapress
Foto: www.idadecerta.com.br
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