A ampliação do
Porto de São Sebastião terá efeitos "catastróficos" e
"irreversíveis" sobre a Baía do Araçá, um dos pontos de maior
relevância ecológica do litoral paulista, segundo um parecer elaborado por
cientistas, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que tenta reverter a
liberação da obra. O projeto prevê a duplicação da área do porto, com a
construção de uma laje sobre estacas de 500 mil metros quadrados, o que deverá
cobrir 75% da baía.
"O entendimento da equipe que estruturou este parecer é que o projeto de
expansão do Porto de São Sebastião é inviável ambientalmente, uma vez que
qualquer uma das intervenções propostas levará ao colapso do funcionamento
ecológico da baía e dos benefícios que ela traz para a sociedade", diz o
relatório, ao qual o Estadão teve acesso com exclusividade. O impacto, segundo
os cientistas, será sentido ao longo de todo o canal de São Sebastião,
incluindo Ilhabela, que fica bem de frente para o porto. O relatório foi
elaborado por um grupo de 16 pesquisadores, sob coordenação do Centro de
Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (Cebimar-USP), que é vizinho da
Baía do Araçá.
O projeto está dividido em quatro fases. Em dezembro de 2013, o Ibama concedeu
licença prévia para as fases 1 e 2, que incluem a construção de três berços e
de um terminal multicargas. Cinco meses depois, a Procuradoria da República em
Caraguatatuba e o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema),
do MPE no litoral norte, entraram com uma ação civil pública contra a liberação,
citando como réus o Ibama e a Companhia Docas de São Sebastião, estatal
responsável pelo porto. Em julho de 2014, o juiz federal Ricardo Nascimento
concedeu liminar suspendendo a licença até que o processo seja julgado.
Impactos cumulativos. A promotoria do Gaema entende que o estudo de impacto
ambiental (EIA) apresentado pela Companhia Docas e aprovado pelo Ibama não é
satisfatório. Um dos questionamentos levantados é que os impactos do projeto
foram avaliados de maneira isolada, sem levar em conta os efeitos cumulativos
com outros empreendimentos da região, como a duplicação da Rodovia dos Tamoios
e ampliação das atividades de petróleo e gás.
A Companhia Docas disse não ter recebido oficialmente o relatório do Cebimar.
"A
Companhia demonstra estranheza ao ser informada da existência de um parecer
técnico emitido por um órgão sem poder licenciador, ao qual não compete a
análise de impactos ambientais do processo de licenciamento", afirmou, por
meio de nota.
Foto: Guilherme Pinto - www.panoramio.com
Foto: Guilherme Pinto - www.panoramio.com
(Herton Escobar) - As informações são do
jornal - O Estado de S. Paulo.
postado
em 10/05/2015 10:49
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