Educação. Apesar do aumento da oferta desses cursos - o número de vagas no País cresceu 45% em dois anos -, companhias como Petrobrás, Caixa Econômica Federal, EMTU e Metrô de São Paulo excluem os tecnólogos dos editais de seus concursos públicos
Crescimento. Alunos da graduação tecnológica já apresentam 10% do total de matriculados no ensino superior no País
Profissionais formados em cursos superiores tecnológicos - como os da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) - enfrentam dificuldades de acesso ao mercado de trabalho por não terem o título de bacharel. Apesar dos discursos favoráveis de governos e especialistas, empresas estatais, como Petrobrás, Caixa Econômica Federal, EMTU e Metrô de São Paulo, excluem os tecnólogos dos editais de concurso público.
A oferta de cursos superiores tecnológicos vem crescendo no País, em grande parte incentivada pelos governos federal e estaduais. Em apenas dois anos, de 2006 a 2008, o número de vagas desses cursos cresceu 45%, segundo os dados mais recentes do Censo da Educação Superior do Instituto de Pesquisas Educacionais (Inep). Os alunos da graduação tecnológica representam 10% do total de matriculados no ensino superior.
Um dos motivos da exclusão dos tecnólogos dos quadros de funcionários é a lentidão no processo de mudança de algumas companhias, acredita a professora de gestão de pessoas da Fundação Getúlio Vargas Anna Cherubina Scofano. "Temos alguns elefantes brancos que não se atualizam. Seria preciso mexer em práticas já institucionalizadas e fazer uma análise de mercado e dos cursos", afirma. "Mas grande parte do mercado aceita bem, porque dá enfoque para as competências." Marcus Soares, professor de gestão de pessoas do instituto Insper, atribui o fenômeno em grande parte a um "mal entendido". "Há uma confusão com a nomenclatura da profissão, que cria uma interpretação incorreta de que é um curso técnico, de menos valia", afirma. "Quando uma empresa contrata, quer sempre alguém com formação melhor do que exige a posição. Isso também pode contribuir para a discriminação." Segundo o professor, a discriminação tende a diminuir a médio e longo prazo por causa do chamado "apagão de mão de obra". "O mercado pode ser forçado a mudar. Se aumentar a demanda por mão de obra e as companhias quiserem preencher seus cargos, elas vão ter de aceitar os tecnólogos." Para o presidente do Sindicato dos Tecnólogos, Décio Moreira, a reserva de mercado de outras categorias também causa dificuldades aos formados. "A empregabilidade dos cursos é alta, mas a questão é o tipo de responsabilidade que nos deixam assumir. Um tecnólogo está completamente apto em sua área de formação, mas nem sempre isso é reconhecido", diz. Texto completo - Link: Regulamentação Profissional
Foto: Epitacio Pessoa/AE
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